27 de setembro de 2014

Uma estória de superação - Depoimento de Nieta Santos‏


Essa que compartilho com vocês começou exatamente em 06 de abril de 2013.



Estava me preparando para passar uma tarde tranquila e divertida numa festinha de aniversário da minha sobrinha, marquei com minha irmã para irmos juntas,então fui tomar um banho antes dela me ligar 
e comunicar que estaria passando de taxi, era só aguardar.
Tomei o banho e comecei a me enxugar, só faltava os pés quando o telefone fixo toca. Logo deduzi que já era ela; sem pensar sai do box e corri, sem ao menos acabar de enxugar ou colocar uma sandália; chão do apto todo de cerâmica lisa....automaticamente puxei os passos e.....aconteceu!


Fiquei na curva...derrapei e fiquei...tentei me levantar, não consegui...coxa virada totalmente para o chão, virilha e joelho dobrados, muita, muita dor!!
Antes de me permitir desmaiar de dor, tentei novamente e não aguentei, tentei me segurar numas caixas que estavam por perto...
O quê fazer já que moro só e estava longe da porta que estava com trincos que só abrem por dentro? Rapidamente, antes do sangue esfriar e travar, dei 2 arrastadas para trás, pois sempre levo celular para banheiro....
Graças a Deus consegui! Mesmo no chão, passei a mão pela pia e consegui pegá-lo, liguei para minha irmã, que comunicou ao cunhado que em seguida foi me socorrer, quebrando o vitrô da porta, vizinhas prontamente vieram auxiliar chamando SAMU e me vestindo.
No caminho deu continuidade ao meu sofrimento:dificuldade em sair do banheiro que é mínimo e não tinha como caber uma maca,até que com muita paciência conseguiram me mexendo o menos possível.Outra dificuldade: a maca não cabia também no elevador,precisando ficar bem presa para poder descer em pé.
Ao sair, mesmo o motorista com muita atenção e preparo não pôde evitar as dores intensas e as estiradas musculares que eu sentia até mesmo na diminuição da velocidade, fui chorando até o hospital.
Chegando lá, depois das perguntas básicas entrei na sala de RX.
A cada troca de posição urrava de dor, sensação de dilacerar a perna que já a essa altura estava hiper inchada.
E logo veio o resultado: fratura no colo do fêmur!


Meu Deus ! Como gostaria que estivesse apenas tendo um pesadelo...
mas ,não era! Resultado: internação para aguardar uma cirurgia para colocação de um pino, placa e 3 parafusos.


Lá estava eu com dores intensas, enlouquecedoras, num lugar triste, 
Logo percebi que não seria algo simples, a dor era intensa!
numa enfermaria onde não dava nem mesmo para ver a janela.
Tentava mexer com a perna e ela não obedecia, 
A imaginação misturada com o medo fazia vir na mente tantas coisas tristes.
Chorar era tudo que conseguia fazer, além da dor!
Não tinha como fazer nada, até mesmo do básico precisava de ajuda: 
banho no leito, comer não conseguia, ir no banheiro, 
me pentear, uma única posição: barriga para cima,mesmo assim, 
só com analgésicos fortíssimos...
Para tentar não enlouquecer, as vezes, as internas da minha enfermaria brincavam tentavam e tentavam usar o bom humor...Fiz muitas amizades: pacientes, enfermeiras, pessoal da manutenção e alimentação, médicos.... pessoas lindas de coração maravilhosos que me ajudaram.
Pude contar com o carinho e atenção da família: irmãos, cunhados, amigos e até mesmo outros que nem mesmo conhecia e oraram muito por mim.
Tive que adiar a cirurgia, por problemas diversos e até mesmo para sanar uma anemia, precisando antes de bolsa de sangue.
Depois de 20 dias internada e ainda precisando de atenção e cuidados devido a outros problemas de saúde, 
Finalmente fui para a sala de cirurgia mesmo com crise respiratória que me dificultava a respiração e também me dava tosse.
Tomei anestesia raquidiana pois tenho varizes no esófago.
Foi me dado alta 3 dias depois: mesmo sem me prepararem para andar.
No dia seguinte da cirurgia, já senti algo estranho, um grande volume no abdômen. Médico dizendo que eram gazes, só que sentia que não era!
Dias depois que já estava na casa da irmã, retornei ao médico e foi constatado que estava com ascite(água), mais 3 dias internada sem conseguir comer nada, agora além das dores que já estava sentindo ,veio essa também.
Os anseios, medos passaram por minha cabeça muitas e muitas vezes, 
e ainda sem conseguir fazer nada sozinha ,
como antes, estava dependente da boa vontade....
Tive que fazer testes e limitar minha impaciência, 
dúvidas, receios, depressão e angústia.
Será que voltaria a andar?
Será que viveria com dor?
Será que ficarei manca?
Noites e mais noites sem conseguir ao menos cochilar,
mesmo tomando remédios e injeções para dor fortíssimos....
Ficava tampando a boca com o travesseiro,chorando baixinho....
Não conseguia me controlar e tudo que pensava era lutar para ficar boa,
para não ter rejeição,sequelas....
voltar a andar novamente!!



Um dia amanheci e pedi a minha cunhada ,que muito me ajudou nesses momentos,junto de vários anjos que apareceram para me auxiliar:-Faz um favor?
Ela ficou aguardando eu pedir: 
-traz para mim fotos de Victor e Leo para colocar na parede? 
Ela me olhou com uma cara de interrogação...
Sim, todos os dias irei olhar para eles e isso me incentivará a lutar 
para ir em frente com garra....


Sei que Deus também esteve comigo o tempo todo e ainda está.....
Ainda fazendo fisioterapia e sei que o caminho é longo e demorado devido ao local fraturado,mas,estou andando....e lutando com muita garra!
Muitos me ajudaram, me apoiaram, me fortaleci e estou sendo guerreira.Me encontrar com Deus para agradecer e ir ao meu primeiro show de retorno era tudo que desejava,seria como uma sensação de vitória,garra e persistência.
Fui aos meus encontros e finalmente chegou o momento ideal para minha volta e eles me receberam com muito carinho, tenho muito orgulho de mim.
Me emocionei muito,estou andando,lutando,,não desisti!
Não escrevi isso para me mostrar e promover ; 
fiz como um desabafo e também muitos me procuraram para saberem 
como estava e como realmente tinha acontecido, 
Um agradecimento a todos que contribuíram para minha recuperação.
E a Deus só posso dizer : Ele nunca me abandona, obrigada !!

AntoNieta Santos